Uma das maiores conhecedoras do Cerrado, Mercedes Bustamante é professora da Universidade de Brasília (UnB) e voz ativa na defesa do bioma. Bióloga, mestre em ciências agrárias e doutora em geobotânica pela Universidade Trier, na Alemanha, Bustamante integra diversos comitês científicos e é conselheira do IPAM desde 2015.
Para ela, a conservação do Cerrado, que perde sua vegetação nativa cinco vezes mais rápido que a Amazônia, é um tema urgente que deve ocupar espaço central no debate público. Só assim as decisões serão tomadas em tempo hábil para mudar a realidade atual, que já traz consequências como a falta de água, sobretudo em Brasília, que vive grave crise hídrica no momento, além dos serviços ambientais que se perdem com o desmatamento, colocando em risco o futuro de um bioma essencial para o abastecimento de todo o país e que é considerado a savana mais rica do mundo, com 5% da biodiversidade do planeta.
Bustamante também lembra que as populações tradicionais são muito vulneráveis às mudanças climáticas e estão invisíveis neste processo de degradação, que acentuou ainda mais as desigualdades.